quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Um guia cientifico para dizer “NÃO”


Aprender como dizer não é uma das habilidades mais úteis que pode desenvolver, especialmente quando pretende viver uma vida mais saudável e produtiva
Dizer não a compromissos desnecessários para recuperar e rejuvenescer. Dizer não às distrações diárias pode dar-lhe o espaço que precisa para se focar no que é importante para si. Dizer não à tentação pode ajudá-lo a continuar no bom caminho para atingir os seus objetivos. De fato, não estar disposto a dizer não, é uma das maiores falhas que os empreendedores de sucesso admitem como sendo um dos seus erros.
Mas como passará da urgência da sua vida quotidiana para uma vida sem distrações, de modo a conseguir concentrar-se nas coisas que são realmente importantes para si?
Pode parecer uma tarefa quase impossível, no entanto, algumas investigações mostraram que mesmo as pequenas mudanças podem ter um impacto significativo na maneira como diz “não”. De fato, existe uma mudança que pode começar realizar desde já e que vai tornar a ação de dizer “não” mais fácil, ao mesmo tempo que o ajuda a melhorar a sua saúde e produtividade:

Como dizer não: Investigações revelam a melhor maneira

Num estudo publicado no Journal of Consumer Research, 120 alunos foram divididos em dois grupos distintos. A diferença entre os dois grupos foi a forma como diziam não: “Eu não posso” em comparação com “eu não faço”.
Aos elementos de um grupo foi dito que por cada vez que fossem presenciados por uma tentação, deveriam dizer “Eu não posso fazer X”. Por exemplo, quando tentados a comer um gelado, o grupo diria: “Eu não posso comer um gelado”.
Relativamente aos elementos do segundo grupo, quando fossem confrontados pela mesma tentação, deveriam dizer: “Eu não faço X”. Por exemplo, quando tentados com o gelado, eles diriam: “Eu não como gelado”.
Depois de repetirem essas frases, cada aluno respondeu a um conjunto de perguntas que não estavam relacionadas com o estudo. Assim que terminaram de responder às questões, os alunos foram informados que o estudo estava concluído. Na realidade, acabava de começar.
Enquanto cada estudante ia saindo da sala com a sua folha de respostas, foram oferecidos alimentos. O aluno podia escolher entre um chocolate ou uma barra saudável de granola (mistura de frutas secas, cereais, sementes, etc.). Um dos investigadores ia apontando a escolha feita pelo alunos ao mesmo tempo que estes se afastavam.
Eis o que aconteceu:
61% dos alunos que disseram “eu não posso comer X” escolheram a barra de chocolate. Enquanto isso, apenas 36% dos alunos que disseram “Eu não como X” optaram pela mesma escolha. Esta simples mudança de terminologia melhora significativamente as hipóteses de cada pessoa em escolher alimentos mais saudáveis.
Faz sentido, certo? As descobertas não param por aqui. Veja o que acontece a seguir.

Como as “palavras certas” facilitam a dizer não

Os mesmos investigadores estavam interessados em descobrir de que forma as frases “eu não posso” e “eu não” afetam a nossa vontade de dizer não quando confrontados com tentações e distrações. Afinal, a maioria de nós pode rejeitar um chocolate de vez em quando, mas eventualmente iremos aceitá-lo. Da mesma forma, você poderá ser capaz de focar-se no seu trabalho quando se sente pressionado pelo tempo. Mas como evitar comportamentos improdutivos numa base diária?
Por outras palavras, há uma maneira de dizer NÃO  que aumenta a probabilidade de mantermos os bons hábitos e evitarmos os maus? Sim, há!
Os investigadores realizaram um novo estudo, pedindo a 30 mulheres trabalhadoras para se inscreverem num seminário de bem-estar e saúde. Todas as mulheres foram levadas a pensar que a saúde a longo prazo e o bem-estar eram fatores importantes para a sua vida. De seguida, os investigadores colocaram as mulheres em três grupos de 10 pessoas.
Às mulheres do grupo 1 foi dito que em qualquer momento que sentissem a tentação de se desviarem dos seus objetivos deveriam “simplesmente dizer não”;
Às mulheres do grupo 2 foi dito que em qualquer momento que sentissem a tentação de se desviarem dos seus objetivos deveriam adotar a estratégia do “não poder”. Por exemplo, “hoje não posso deixar de fazer o meu treino”.
Às mulheres do grupo 3 foi dito que em qualquer momento que sentissem a tentação de se desviarem dos seus objetivos deveriam adotar a estratégia simples do “não”. Por exemplo, “eu não deixo de treinar”.
Nos 10 dias seguintes, cada mulher recebeu um e-mail diário a pedir que relatasse o seu progresso. Foram informadas desse procedimento: “Durante os próximos 10 dias irão receber e-mails para lembrar-vos da estratégia e denunciarem casos em que essa mesma estratégia não funcionou. Se a estratégia não estiver a funcionar, basta dizerem-nos e deixarem de responder aos e-mails”.
Aqui estão os resultados de 10 dias depois:
  • No grupo 1 (o grupo do “simplesmente dizer não”), 3 dos 10 membros chegaram ao fim com o objetivo cumprido;
  • No grupo 2 (o grupo do “não posso”), apenas 1 dos 10 membros atingiu a meta;
  • No grupo 3 (o grupo do “não”) aconteceu um resultado incrível: 8 dos 10 membros persistiram até ao fim em alcançar o seu objetivo.
As palavras que você utiliza não só ajudam a fazer as melhores escolhas numa base individual, como também tornam mais fácil permanecer no caminho certo até aos seus objetivos.

Porque o “Eu não” funciona melhor que o “Eu não posso”

As suas palavras ajudam a enquadrar o sentido de poder e controlo. Além disso, as palavras que utiliza criam um loop de feedback no seu cérebro que afeta os seus comportamentos futuros. Ou seja, as palavras que diz são as palavras que ouve e nas quais vai começar a acreditar.
Por exemplo, cada vez que diz a si mesmo “eu não posso”, está a criar um loop de feedback que lhe relembra das suas limitações. Esta terminologia indica que está a forçar-se a fazer algo que não quer fazer.
Em comparação, quando diz a si mesmo “Eu não”, está a relembrar-se do seu controlo e poder sobre a situação. É uma frase que pode impulsioná-lo a quebrar os maus hábitos e seguir os bons.
Heidi Grant Halvorson é diretor do Motivation Science Center na Columbia University. Veja como ele explica a diferença entre dizer “eu não” em comparação com “eu não posso”:
“Eu não” é vivido como escolha, por isso sente-se poderoso. É uma afirmação da sua determinação e força de vontade. “Eu não posso” não e uma escolha. É uma restrição que lhe está a ser imposta. Então, pensando: “eu não posso” mina a sua sensação de poder e arbítrio pessoal.
Por outras palavras, a frase “eu não” é uma forma psicológica de se capacitar para dizer não, enquanto a frase “eu não posso” é uma maneira psicologicamente desgastante para dizer não.

Como aplicar isto na sua vida

Existem situações no quotidiano às quais precisa de dizer não. Por exemplo, um empregado de mesa que lhe oferece o menu da sobremesa… ou o desejo de fazer exercício e acaba por ficar em casa … ou a chamada distração SMS, tweets e atualização do Facebook quando deve concentrar-se em algo importante.
Individualmente, as nossas respostas a estas pequenas escolhas parecem insignificantes, e é por isso que dizer “não posso fazer X” se torna em algo pouco eficiente. Mas imagine o efeito cumulativo de escolher as palavras certas numa base consistente.
“Eu não posso” e “eu não” são frases que parecem semelhantes mas psicologicamente podem oferecer um feedback diferente e, em última análise, resultam em ações diferentes. Não são apenas palavras e frases. São afirmações nas quais acredita, as razões pelas quais faz o que faz e lembretes de para onde quer ir.
A capacidade de vencer a tentação e efetivamente dizer não é fundamental não só para a saúde física, mas também para a sua produtividade diária e saúde mental.
Para simplificar: você pode ser vítima ou o arquiteto das suas palavras. Qual das posições prefere?

by Mexxer

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