sábado, 1 de fevereiro de 2014

Nos bastidores do sucesso com Tiago Leifert

O apresentador Tiago Leifert revela os métodos de preparação para começar bem qualquer novo projeto de carreira

Não é fácil chegar ao topo antes dos 40. Mas aos 33 anos, Tiago Leifert, apresentador dos programas de televisão The Voice e Globo Esporte, da TV Globo, construiu uma carreira tão sólida, que qualquer profissional de 60 anos invejaria.
O segredo do jornalista é começar bem, acreditar nas próprias ideias e dedicar-se até o final. "Pode acontecer de tudo dar errado, mas pelo menos eu comecei", afirma. Conheça a trajetória profissional de Tiago na entrevista.

Por ter nascido no esporte, você teve dificuldades de se adaptar ao modelo de entretenimento do The Voice? 
Tiago Leifert - O The Voice é bem diferente de apresentar. Percebi que eu amo o esporte, mas o que eu amo de verdade é a TV. Aprendi a ter um tom mais moderado do que estava acostumado, porque o tom do esporte é muito gritado. E tem outra coisa também: eu não uso teleprompter.
Eu prefiro decorar ou improvisar, por isso preciso estudar e me concentrar muito. O momento decisivo para saber se eu servia pra isso ou não seria mesmo o primeiro "ao vivo".
Eu trato os programas ao vivo como se fossem a minha primeira final de campeonato: eu fico no hotel, não saio, almoço, janto, tomo café, leio o roteiro e penso o que pode dar errado em cada bloco. Tenho as saídas para não ser pego de surpresa pelo erro.

Como você se prepara para começar um novo projeto?
Tiago Leifert - Sou muito crítico com meu próprio trabalho, sempre me preparo para fazer o melhor possível. Preciso ficar um dia inteiro em casa, escrever a respeito, olhar e simular o que pode acontecer. É um processo muito solitário, depois é que eu abro para conversar com alguém.
Não dou margem a erros e procuro não me distrair. Eu não sabia que ia surgir a oportunidade para apresentar e editar o Globo Esporte e apresentar o The Voice. Mas eu treinei a minha vida inteira para que, quando isso acontecesse, eu estivesse pronto para fazer.
Meu maior defeito é que sou péssimo em políticas de escritório. Falo tudo o que penso e não tento forçar um relacionamento. Sou introvertido. De resto, estou sempre tenso – isso custa caro. Tenho uma hérnia cervical e já operei duas vezes o esôfago, o que me deixa fora do trabalho por um tempo.

O que te traz mais satisfação no trabalho?  
Tiago Leifert - Gosto quando o público mais improvável elogia o meu trabalho, ou quando alguém cita uma parte específica de uma matéria que eu fiz. Isso me deixa muito contente.
Gosto de ser útil para as pessoas. Vejo que muita gente busca a carreira de TV porque é carente e não sabe disso, precisa de aplausos. Mas eu nunca fui carente, meu negócio é outro. Quero que as pessoas falem o quanto meu programa foi legal e interessante, não me importo tanto com elogios específicos relacionados ao meu carisma como apresentador. Isso não é o principal.

Mas você não considera o seu jeito espontâneo de apresentar inovador na TV brasileira?
Tiago Leifert - Deixando a modéstia de lado, muitas vezes vejo que as pessoas me copiam. Eu só uso duas roupas: camisa polo colorida ou pulôver com polo por baixo. E de repente começo a ver pessoas se vestirem igual.
Eu não uso isso por decisão de figurinistas, mas sim porque preciso tomar tanta decisão por dia, que deixo de lado decisões como essas, que são mais mundanas. Mas aí vejo que as pessoas estão usando isso como se fosse parte do plano. As pessoas também copiam minhas frases.

Como foi sua iniciação na profissão?
Tiago Leifert - Tive uma primeira experiência como repórter aos 16 anos, em programa de futebol de Várzea, em SP. Estudei na Universidade de Miami e, na época de estagiar, me inscrevi para as três grandes emissoras americanas: ABC, CBS e NBC. Passei na NBC, estagiei por três meses e no final do estágio eles me ofereceram uma vaga que não pude aceitar porque meu visto tinha vencido.
Voltei para o Brasil e tentei entrar na TV Globo ou no SporTV, mas ninguém me chamou. Assumi um programa na TV Vanguarda, afiliada, e me tornei editor chefe e apresentador de um programa esportivo aos 22 anos. Era meu sonho. O programa explodiu e um tempo depois virei chefe do núcleo.
Trabalhava das 6 à 1h da manhã, todo dia. Foi a minha primeira experiência com a fama. Quando finalmente o SporTV me chamou, sofri muito, porque é duro ser o mais novo. Meu estilo era diferente, porque esporte para mim é entretenimento: tem que ter drama, emoção e humor.
Pensei em sair no meio de 2007, achei que não ia conseguir me adaptar nunca e seria perseguido por ser esquisito. Passei uma madrugada toda pensando e, no dia seguinte, resolvi arriscar. Eu ia fazer do meu jeito, era tudo ou nada. Nos primeiros dias não deu certo, mas no terceiro dia ficou ótimo. Comecei a ser elogiado e emplacar matérias.

Editar e apresentar o Globo Esporte em São Paulo foi uma grande empreitada na sua carreira. Em algum momento você se sentiu inseguro por assumir essas responsabilidades tão novo?
Tiago Leifert - Sempre tive certeza de que daria certo, nunca questionei. Antes novo modelo do Globo Esporte ser lançado, mandei um e-mail tranquilizando a todos da minha equipe: podíamos errar muito, que daria certo no final. As pessoas diziam: "isso é um absurdo, você está matando o jornalismo esportivo".
Riam da minha cara pelos corredores. Eu respirava fundo e pensava que meu objetivo era maior, então não ia entrar em briguinhas. Eu acordava muito cedo e trabalhava. Assistia a todos os jogos e pensava em pautas o dia inteiro. Meu projeto virou um sucesso.

Você se imagina trabalhando em outro lugar?
Tiago Leifert - Eu fico na Globo pelo menos 12h por dia. Não sei o que seria de mim se saísse, ia ser como perder o amor da minha vida, porque eu sempre quis trabalhar na Globo, é o que eu gosto. Meu pai trabalha lá desde 88, então eu cresci lá dentro.
Por mais que pareça que eu esteja seguro por estar no Globo Esporte e no The Voice, é claro que eu tenho medo de perder meu emprego. Porque me arrisco muito, sou muito intuitivo. Minha alternativa seria começar tudo do zero nos Estados Unidos, trabalhando com qualquer coisa, junto com a minha esposa.



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