A Zappos, uma das maiores lojas on-line de calçados e roupas dos Estados
Unidos, anunciou que vai acabar com os cargos na empresa.
Em vez de diretores e gerentes de departamentos, a companhia vai se
organizar em torno de círculos nos quais todos têm o mesmo poder de
decisão.
A companhia, que tem 1.500 funcionários, é a maior até hoje a adotar um
sistema chamado "holocracia", em que uma das premissas é que a empresa
deve ser gerida em função do que precisa ser feito, e não das pessoas.
A hierarquia ainda existe: há grupos com mais poder do que outros, mas a decisão final é do grupo.
"Isso implica que nem o presidente tem a palavra final", afirma Marcelo
Cardoso, presidente do Instituto Integral Brasil e que tem certificação
em "holocracia".
Cardoso explica que, em uma reunião, quando alguém levanta um ponto que
precisa ser melhorado (algo chamado de "tensão"), deve propor uma
solução e ouvir objeções dos colegas.
A "tensão" só termina quando esse funcionário estiver satisfeito.
Ao serem contratados, os funcionários são designados como responsáveis
por um determinado processo, mas, na hora de resolver um problema, não
podem adotar ações unilaterais.
Darcio Crespi, sócio-diretor da consultoria de recrutamento Heidrick
& Struggles, diz que esperar por uma decisão consensual pode fazer
com que a companhia perca oportunidades.
"O ideal está no meio termo: que as pessoas encarregadas de tomar uma
decisão ouçam os envolvidos no processo, mas coloquem um ponto final
nele", diz.
Para a advogada trabalhista Aline Moreira da Costa, do escritório DLBCA,
no Brasil haveria entraves jurídicos para a adoção da ideia: a empresa
poderia sofrer ações por questões de acúmulo de funções e equiparação
salarial.
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