Alguns anos atrás, tive uma colega que eu vou chamar de Julia.
Parecia que toda vez que eu ia ao banheiro, Julia estava lá, aplicando
rímel, penteando seus longos cabelos escuros e batendo papo. Ela também
passava muito tempo no fumódromo e no refeitório.
Extremamente
simpática e acolhedora, conhecia todo mundo e dedicava grande parte de
seu dia falando sobre assuntos pessoais. Ela só não gastava muito tempo
com o trabalho. Um rapaz que se sentava na baia ao lado dela me disse
uma vez que estimou que ela usava apenas duas horas por dia no que
poderia ser descrito como trabalho produtivo.
Eric
Abrahamson, professor da Columbia Business School, é especializado em
liderança e resolução de problemas organizacionais. Ele chama pessoas
como Julia de "Michelangelos de evasão de trabalho". Abrahamson estuda
modismos de produtividade e gestão, e observa atentamente os caminhos de
alguns funcionários que conseguem ser pagos para não fazer nada. O
especialista não defende a prática, mas diz que a entende, pois pode
ajudar os gestores a compreender as desigualdades do escritório e fazer
suas equipes ficarem mais produtivas.
Os "Michelangelos de
evasão de trabalho" sabem como ficar ociosos sem sofrer nenhuma
consequência ou, em alguns casos, até mesmo conseguindo uma promoção.
Julia ficou na mesma vaga por mais de uma década antes de finalmente ser
demitida e, quando viu o motivo da rescisão, percebeu pouco tinha a ver
com a sua falta de produtividade.
Uma de suas habilidades
era passar pouco tempo em sua mesa ou em qualquer lugar perto do
departamento onde supostamente trabalhava, de modo que seus chefes nem
sequer pensavam nela. “Longe da vista, longe do coração, você poderia
dizer. Se as pessoas não pensam em você, não podem passar trabalho", diz
Abrahamson.
Outras maneiras de conseguir isso são chegar
em momentos diferentes e imprevisíveis do dia, trabalhar em casa e
montar sua agenda de forma que você precise sempre estar em outros
locais.
Há ainda a tática de não esvaziar seu correio de
voz. Dessa forma, quando as pessoas ligarem, vão ter a impressão de que
você está trabalhando tão duro que nem sequer tem tempo para apagar as
mensagens. Outro ponto positivo é tornar impossível para chefes ou
colegas deixarem instruções verbais sobre trabalho.
Se o
seu supervisor não consegue encontrá-lo e tentar lhe dar algum trabalho,
você pode estrategicamente fingir que não entendeu. Nesse caso,
geralmente, a maioria dos chefes chega à conclusão que é mais fácil
fazer o trabalho ela mesma.
Se você executa uma função
especializada dentro do seu escritório, pode mentir sobre o tempo que
demora para dar conta dela. No caso de Julia, ela criava sistemas que
ninguém sabia quanto tempo demandavam e levantava dados no ritmo que
melhor lhe convinha. Como ninguém entendia de suas tarefas, não havia
como questioná-la.
Outra possibilidade é deixar claro para o
seu chefe, da forma mais agradável possível, que você não vai dar conta
da tarefa que lhe foi pedida. "A maioria dos superiores inteligentes,
então, dão o trabalho para outra pessoa.”
Parecer
sobrecarregado pode ser uma maneira infalível de evitar novas
atribuições. Se alguém lhe pergunta como você está, basta responder:
"Nem sequer tenho tempo para ir ao banheiro". Outro boa resposta: "Estou
tão ocupado que acho que estou ficando doente ".
Você
também pode formar uma parceria com um colega para ambos mentirem sobre
excesso de trabalho. "Se o chefe sugere a um amigo meu que gostaria que
eu fizesse um projeto, a resposta dele pode ser: Susan não pode assumir
mais nada, pois passou todo fim de semana no escritório , nos últimos
dois meses’.”
Levar o crédito pelo trabalho dos outros
também é uma boa tática. A ideia é assumir os louros de um projeto que
você simplesmente supervisionou ou começou.
Finalmente, há a
ajuda tecnológica. Você pode programar o seu e-mail para enviar
mensagens altas horas da madrugada, enquanto está dormindo, para dar a
aparência de que está trabalhando às duas da manhã. Ou pode programar a
tela do computador para exibir uma planilha do Excel com o pressionar de
uma tecla, se perceber o chefe se aproximar.
by Forbes
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