Entenda o que a profissão de Administrador tem a
ver com sucessos e fracassos do esporte, da música, de um novo sabor de
salgadinho e mesmo dos hits da internet![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNkKFVeXWJhnZl-Pd4Q-NVUn3reqX1Qmdouj-BXyOR1TxPNAiZBg6WoEd6QMSkgfGQRQObbypqDt41McwAvK-IW5Zd5Azg1v6OC467GUyul8E4YbbGMi09T_L8RFSzc_kuGi4fwAgpWYNI/s320/noticia_76608.jpg)
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A Administração se faz, já sabemos, não apenas nas salas de reuniões
sisudas e pelas mãos de homens de terno e gravata, estereótipos com os
quais já estamos bastante acostumados. A Administração, certamente, é
uma área privilegiada pela facilidade de atingir todas as organizações,
independente de sua natureza ou de sua dimensão. Seja nos setores de
eletrônicos, automotivo, farmacêutico, agronegócio, construção civil, em
uma pequena mercearia no interior do Brasil ou no modelo de gestão das
principais multinacionais do mundo, os princípios da área estão
presentes.
Mas o ato de administrar nem sempre se dá dentro de uma organização,
segue a formalidade metodológica ou se estrutura conforme a teoria
tradicional prevê. E foi justamente cobrindo áreas pouco associadas à
atividade, buscando conexões não muito casuais, que acabamos nos
deparando várias vezes com uma pergunta que já se tornou clássica aqui
no Administradores: “o que isso tem a ver com Administração?”
Está na hora de você descobrir o que um tema de abertura de novela
pode ter a ver com o modelo de negócios que está ensinando a indústria
fonográfica a se reinventar, por que jogar futebol não é simplesmente
correr atrás de uma bola e, entre outras coisas, como a notícia de um
novo sabor de salgadinho pode acabar sendo tão importante quanto um
postulado de Fayol.
“Ex-my love”: esse hit vale bem mais que R$ 1,99
Um hit chiclete como qualquer outro: tocou até pouco tempo atrás na
abertura de uma telenovela, foi repetido pelo menos umas dez vezes
diariamente em todas as rádios do Brasil e sua intérprete se tornou
figurinha carimbada nos principais programas da maior emissora de TV do
país. Essa poderia ser a breve história de mais um caso de 15 minutos de
fama fabricado pelo mainstream midiático. Mas não é. E tem tudo a ver
com Administração.
Um dos maiores sucessos musicais nacionais no ano passado foi a
assumidamente brega “Ex-my love”, música interpretada pela cantora Gaby
Amarantos, que despontou da cena tecnobrega de Belém do Pará diretamente
para os grandes centros do Brasil no primeiro semestre de 2012. Mas, ao
contrário do que alguns desavisados pensam, a artista não surgiu do dia
para a noite – e, pasmem, não precisou pagar jabá e nem sequer vender
CDs para ficar famosa.
Principal expoente de um milionário mercado informal que é uma
verdadeira febre no Norte do país, Gaby é parte de um movimento que está
ensinando a indústria fonográfica a se reinventar com seu nada
tradicional modelo de negócios.Vendo que não poderiam competir com a
pirataria, os artistas do tecnobrega resolveram se unir aos “piratas”,
tornando-os vendedores oficiais e reconhecidos de seus trabalhos.
A dinâmica é bem simples: os músicos gravam um álbum em um estúdio
qualquer e entregam a matriz aos camelôs, que reproduzem e vendem em
massa, tornando as músicas conhecidas. O público gosta e vai ouvir ao
vivo nas festas de tecnobrega, chamadas de aparelhagens. Esses eventos
são verdadeiros cultos à tecnologia, onde grupos disputam quem tem os
melhores equipamentos de som e luz. E é aí que está o grande lance:
essas baladas movimentam milhões e garantem aos artistas um retorno
altamente vantajoso sobre o custo daquele albunzinho gravado para
distribuir com os ambulantes.
“Na cena tecnobrega, a gente sempre utilizou esse modelo simplesmente para divulgação das músicas. Todo mundo ganha mesmo em show, não em vendas. As pessoas compram a música no camelô e os artistas ficam conhecidos sem precisar pagar jabá no rádio. Isso é fantástico”, destaca Gaby Amarantos.
Hoje, com a carreira nacionalizada, a cantora tem contrato com a
gravadora Som Livre e já consegue faturar com vendas de álbuns. Mesmo
assim, ela afirma que fez questão de deixar bem claro que não
abandonaria o modelo de distribuição gratuita e a gravadora compreendeu
que o momento do mercado realmente já é outro e está tentando se
adaptar.
“A gente assinou com a Som Livre porque eles compreenderam o mercado
de onde a gente veio, que essa foi uma forma de divulgação que deu certo
e é uma prática que a gente não ia abandonar”, destaca Gaby.
Negócios? Nem Luiza que estava no Canadá ficou de fora
Para a turma do tecnobrega, tão importante quanto a distribuição
através dos camelôs, é a divulgação das músicas pela internet. E, assim
como eles, outras pessoas - não necessariamente artistas - têm
conseguido destaque e se tornado grandes atrativos para marcas antenadas
nas possibilidades de negócios que podem ser gerados.
Um vídeo engraçado, uma imagem ou uma frase de impacto – se caem na
internet e no gosto do público – podem ser compartilhados entre milhares
ou até mesmo milhões de pessoas em todo o mundo. Diante do alcance
possibilitado por esse tipo de conteúdo, as empresas cada vez mais têm
investido na utilização e criação de hits e virais da internet para dar
um up nos negócios.
Um exemplo disso foi o vídeo da propaganda de uma construtora que deu
origem ao meme “Menos Luiza, que está no Canadá” em janeiro de 2012,
febre no Brasil e no exterior. Várias empresas pegaram carona no
sucesso, vinculando suas marcas ao viral. Uma delas foi a varejista
Magazine Luiza que, aproveitando a associação do meme à sua marca,
promoveu, no início daquele ano, o concurso #ALuizaNãoViu, no Twitter.
Na comparação com outras ações da empresa na mesma rede, esta gerou um
aumento de quase 250% nas menções, de acordo com mapeamento da MITI
Inteligência.
Outro caso de repercussão foi o vídeo “Para nossa alegria”, em que
uma família fez sua interpretação da música gospel "Galhos Secos” e
acabou ficando famosa. A Pepsi aproveitou o sucesso das celebridades
instantâneas para ter mais visibilidade ao fazer uma parceria com o
grupo. A fábrica de refrigerante propôs um desafio em sua fanpage no
Facebook, prometendo que a família só lançaria uma nova música caso a
companhia atingisse 500 mil fãs em sua página. A meta da Pepsi foi
alcançada rapidamente, pois a empresa – que tinha menos de 400 mil
curtidores em 4 de abril, quando lançou a ação – atingiu seu objetivo em
apenas nove dias.
Outro caso que se tornou um fenômeno no Facebook foi o do jovem
estudante de publicidade Ricck Lopes. Com tiradas sarcásticas, ele criou
a fanpage Gina Indelicada, que ultrapassou um milhão de fãs em uma
semana, e tirou do limbo a adormecida marca de palitos de madeira Gina.
Apesar da polêmica criada pela acusação de que algumas respostas da Gina
Indelicada foram extraídas de outras fontes, o engajamento criado pelo
jovem rapaz fez com que ele fosse convidado para participar de vários
trabalhos, além de coordenar a campanha on-line de uma famosa marca de
desodorantes.
O sucesso imediato, com estratégias baseadas no próprio comportamento
dos internautas, mostra como as redes sociais se tornaram uma das
melhores ferramentas para as empresas se conectarem com os clientes de
maneiras diferentes. Com um canal de mídia atingindo 46 milhões de
pessoas só no Brasil, virou praticamente uma questão de sobrevivência as
marcas estarem lá.
Os riscos não calculados
No entanto, as empresas nem sempre acertam na hora de lançar essas
ações. Muitas vezes, o que era para viralizar e render bons frutos,
acaba causando polêmica e não contentando todo o público, podendo gerar
efeitos desastrosos para uma marca. Um exemplo foi o vídeo "Perdi meu
amor na balada", em que um rapaz tinha conhecido “o amor de sua vida” e
pedia ajuda para reencontrar a garota. Depois, descobriu-se que era uma
ação da Nokia para promover seu novo aparelho celular.
Mesmo a ação tendo rendido comentários elogiosos, outros internautas
se expressaram negativamente, alguns sentindo-se enganados ou “feitos de
bobo”. “No caso da Nokia, muita gente acabou se sentindo idiota. Isso
foi contrário à proposta e não agregou valor algum à marca, muito pelo
contrário”, afirmou Gabriel Rossi, palestrante e especialista em
Marketing Digital.
De acordo com Rossi, as empresas precisam lidar com a sua atuação na
internet de forma responsável, se preocupando com o fortalecimento da
marca e sabendo enfrentar e reverter crises que possam ocorrer na rede.
“A internet não é só uma ferramenta de comunicação. Pensar assim é um
erro brutal da maioria das marcas. A internet é coisa séria. Requer
treinamento, política de mídias sociais, objetivo de negócio específico,
profissionalização, monitoramento, gerenciamento de comunidade
profissionalizado e pesquisa”.
Futebol: administrando mais que a posse de bola
Todos nós já estamos cansados de saber que o futebol é uma paixão
nacional e uma das formas de entretenimento mais comuns do Brasil. Para
quem gosta, poucas coisas são tão boas quanto sentar em frente à TV ou
ir ao estádio, abrir uma (ou algumas) cervejas e quase ter um enfarte
torcendo para o time do coração. Pois bem. Mas o que a final do
Brasileirão e o fato de Neymar ter passado tanto tempo jogando no
Brasil, mesmo depois de ter se destacado, têm a ver com Administração?
A resposta é simples: por trás de qualquer grande espetáculo, existe
sempre um grande negócio. E um grande negócio nunca dará certo se não
tiver quem o administre. O esforço concentrado para manter a estrela em
solo brasileiro foi um dos exemplos mais notórios disso. Para competir
com as propostas do mercado europeu, a diretoria santista teve de
desenvolver e colocar em prática um complexo planejamento estratégico,
capaz de envolver empresas dispostas a investir capital suficiente para
bancar a permanência do craque. Em troca, ele se tornou a figura mais
carimbada da publicidade brasileira – e uma das marcas mais valorizadas
do país.
Investir em esportes – principalmente em futebol, no caso do Brasil –
é um negócio que pode render realmente bons frutos. “Os clubes têm o
que todas as outras empresas sonham ter: clientes fãs de suas marcas. Um
torcedor de um time nunca vai comprar a camisa de outro. O torcedor é
um cliente muito fiel. Se você fizer boas coisas para ele, sempre haverá
uma resposta”, ressalta Fred Albuquerque, especialista em marketing
esportivo e dono de uma franquia da Loja do Galo, que vende produtos
oficiais do Atlético/MG.
Fred destaca que, mesmo com os altos e baixos naturais dos times
dentro de campo, o torcedor é um cliente presente. Em 2012, o
Atlético/MG viveu um ótimo momento, fez o melhor início da história do
Brasileirão por pontos corridos e quase se sagrou campeão. Neste ano, é o
único do Brasil que continua na Libertadores da América. Mas, mesmo
quando a equipe amargou a queda para a segunda divisão, o torcedor
esteve presente. Do ponto de vista do negócio, isso significa ter um
público fiel mesmo em tempos de crise.
Com um país tão apaixonado por futebol, o mercado de produtos
associados ao segmento tem um potencial muito grande e, na avaliação de
Fred Albuquerque, ainda pode crescer bastante. “Na Europa, você encontra
de escovas de dentes a carros com marcas dos clubes de futebol. No
Brasil, isso ainda se dá de forma tímida”, acredita o especialista.
Com a vinda da Copa do Mundo e das Olimpíadas nos próximos anos, a
expectativa é de que o mercado esportivo brasileiro se aqueça ainda
mais. E pode ter certeza: vão ser necessários vários e bons
administradores para criar e tocar pequenas, médias e grandes
iniciativas.
O poder de vendas de um novo sabor de salgadinho
Imagine a seguinte situação: você acessa o Administradores.com para
procurar informações sobre Administração. Nele, você já leu notícias
sobre joint ventures, rodadas de negócios, fusões, contratações,
sugestões de cursos de MBA, dicas sobre como melhorar o currículo, entre
vários outros temas relativos a empresas e carreiras profissionais. Um
dia, você se depara com duas notícias: uma sobre o lançamento de um novo
sabor de uma marca de salgadinhos; e outra referente ao lançamento de
um aplicativo de receitas culinárias para tablets. E aí você se
pergunta: o que isso está fazendo aqui?
Inicialmente, é necessário entender que um produto ou serviço e o seu
lançamento não são nada mais do que frutos de todo um trabalho interno e
externo de uma empresa. Esse esforço demanda, entre outras ações,
investimentos, mão-de-obra, pesquisa com o consumidor, testes e ideias
inovadoras. E vem ainda o pós-lançamento com as vendas e as ações de
marketing para apresentar a novidade aos consumidores, além da
consequente receptividade do público, seguida do sucesso ou não da
novidade.
Ufa! Se todos os leitores conhecessem a complexidade de um lançamento
realizado por uma empresa – por mais banal que possa parecer –
saberiam, só de olhar para o título de uma notícia sobre o assunto, que
isso tem tudo a ver com Administração.
Por possuir total relação com negócios, é preciso que as empresas
encarem seriamente a maneira como mostram e vendem seu produto ou
serviço, pois isso determina, na maioria dos casos, como o público vai
receber a novidade. Segundo José Roberto Martins, professor de gestão e
avaliação de ativos intangíveis e branding, “normalmente, os fracassos
não estão na qualidade do serviço ou do produto, mas passam desde uma
incompreensão do posicionamento da marca, e, principalmente do
comportamento do consumidor”.
Várias companhias das áreas alimentícia, de bebidas e de cosmética
têm se destacado com suas novas ideias. “As empresas de alimentos Sadia,
Perdigão, Ceratti, Nestlé, são quase sempre bem sucedidas em seus
testes de conceitos. As empresas de bebidas, como Cervejaria Petrópolis,
Coca-Cola, entre outras, também agem assim. Na Natura, Contém 1g e
Avon, tudo é testado exaustivamente dentre públicos selecionados”,
afirma Martins.
A Nestlé, por exemplo, que teve um crescimento orgânico mundial nas
vendas de cerca de 6,6%, atingindo 44,1 bilhões de francos suíços no
primeiro semestre de 2012, teve como um dos motivos do seu crescimento
na América Latina o lançamento da marca de chocolates KitKat.
Outra empresa que faturou com lançamentos foi a Ambev. A companhia,
que registrou R$ 2,346 bilhões de lucro líquido normalizado nos
primeiros três meses de 2012, com crescimento de 12,3% em relação ao
mesmo período de 2011, teve a Budweiser como uma das marcas responsáveis
pelo bom desempenho. A cerveja, que chegou ao Brasil no ano passado,
foi lançada na região Nordeste no primeiro trimestre deste ano.
Diante de tudo isso, será ainda que há quem acredite que o lançamento
de uma nova cerveja, ou de um novo chocolate não tenha nenhuma relação
com o mundo dos negócios? E o que falar das músicas, das piadas na web e
do futebol? E olha que nem falamos de moda, filosofia, artes, política,
meio ambiente... Se fôssemos analisar com mais cuidado cada um desses
segmentos, detectaríamos a Administração presente de várias formas. É
como diz a campanha descrita nas primeiras linhas dessa reportagem: a
Administração (realmente) move o mundo.
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